Especialista fala sobre impacto do isolamento social em crianças e adolescentes com TEA
Em todo o mundo, mais de 70 milhões de pessoas são portadores de autismo, o que corresponde a cerca de 1% da população mundial, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, cerca de 2 milhões de pessoas são autistas. O autismo é dividido em três níveis: leve, moderado e grave. A patologia pode ser identificada já nos primeiros meses de contato do bebê, e o diagnóstico precoce é fundamental.
Neste mês, o Abril Azul volta o olhar para o problema com o objeto de ajudar a população de todo o mundo a se conscientizar sobre a inclusão de pessoas com autismo. O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado em 2 de abril.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), condição que afeta comportamentos e habilidades sociais, está presente na vida de cerca de 70 milhões de pessoas no mundo todo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma a cada 160 crianças no mundo possui algum nível de autismo.
O autismo é caracterizado por diversos graus de deficiência em habilidades de comunicação e interações sociais e por padrões de comportamento restritivos e repetitivos.
A Psicóloga Bruna Vasconcellos(CRP 05/54992 ) afirma que, em alguns casos, os sinais para identificar o transtorno podem ser percebidos desde muito cedo. “Costuma ser identificado entre 1 ano e meio e 3 anos. Sendo possível detectar os primeiros sinais a partir de 8 meses. A partir de observações no comportamento da criança”, diz.
Segundo Bruna, para chegar ao diagnóstico de TEA, é preciso observar o comportamento do paciente e analisar informações coletadas com familiares, pessoas do seu meio de convívio e o auxílio de questionários protocolados. “A partir do momento que se constata características do TEA, é hora de consultar um especialista para confirmar o diagnóstico. No caso de crianças e adolescentes, as famílias devem buscar atendimento com um neurologista pediátrico (neuropediatra/neurologista infantil)”, afirma a psicóloga. “As terapias para o TEA, envolvem psicoterapia, fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional e psicopedagogia. O trabalho multidisciplinar é fundamental para melhorar a qualidade de vida das pessoas com autismo”, completa a especialista.
Autismo x pandemia
A especialista esclarece os desafios de pais de crianças autistas durante a pandemia
-Como ajudar crianças com autismo durante o distanciamento social?
Psicóloga Bruna Vasconcellos: É importante explicar para a criança o que está acontecendo no mundo. Entender que um vírus invisível aos olhos torna necessário o isolamento social, para evitar o contágio, é mais difícil para as crianças com TEA. Essa informação pode ocasionar crises e apresentar sintomas como ansiedade e mesmo agressividade.
Após passada a informação, espere que a criança se acalme, ainda que demore um pouco, ofereça água ou outra coisa que possa ajudar a acalmá-la. Sugere-se também, o uso de recursos como vídeos voltados para a idade, para ajudar que a criança entenda o momento.
Procure reforçar diariamente essas informações, para que seja possível a criança assimilar. Manter uma rotina se faz necessário, horários para acordar e fazer atividades educativas, bem como envolver a criança em atividades domésticas próprias para a idade, como arrumar a mesa ou cuidar de animais de estimação. Sempre que possível é indicado os pais desfrutarem de tempo livre para ensinar o valor simbólico dos brinquedos e explorar possibilidades lúdicas.
Como os profissionais que os acompanham não poderão estar presentes neste momento de distanciamento social, é importante que os responsáveis pela criança saibam como agir, por isso sugere-se psicoeducação e orientação para passar por esse momento.
-Quais os desafios dos pais com o filho autista em casa no período de pandemia?
Psicóloga Bruna Vasconcellos:A existência de uma rotina é crucial para um autista. Famílias de crianças com TEA passam por enormes desafios para amenizar o impacto do quadro e promover o desenvolvimento de seus filhos. Com a chegada da pandemia e o início do isolamento social, essas famílias precisaram reestruturar suas rotinas e adotar medidas de ajuste. Transformações repentinas no cotidiano podem provocar alterações emocionais e comportamentais no autista.