No Dia Mundial sem Tabaco, conheça três motivos para parar de fumar já

Maio de 2022 — Imagine submeter o corpo, várias vezes por dia, a mais de quatro mil substâncias químicas, muitas delas tóxicas ou altamente cancerígenas. Ninguém quer, mas é justamente o que fazem os fumantes. Classificado pela Organização Mundial de Saúde como a maior causa de mortes evitáveis em todo o mundo, o tabagismo pode, e deve, ser enfrentado. “Nunca é tarde para parar de fumar. E quanto mais precocemente se faz isso, maiores são as chances de não desenvolver doenças associadas ao tabagismo, como o câncer de pulmão, em que pelo menos 80% dos casos têm relação com o cigarro”, diz o oncologista torácico Carlos Gil, presidente do Instituto Oncoclínicas.

O Brasil tem cerca de 21 milhões de fumantes, o que representa 12% de toda a população, segundo dados do Ministério da Saúde. Ainda é muito, mas houve avanços consideráveis em relação há 30 anos, quando o percentual de brasileiros tabagistas era de 29%. No Dia Mundial sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, é importante se unir às estatísticas de queda e deixar o hábito de lado. Os benefícios para a saúde serão imensos. A seguir, conheça três motivos para nunca mais acender um cigarro:

Câncer de pulmão: A imensa maioria dos casos da doença está relacionada ao cigarro. Normalmente, o câncer de pulmão é descoberto quando já está em estágio avançado, o que dificulta o tratamento. Por isso, alerta o oncologista Carlos Gil, é importante que o fumante procure o médico imediatamente em casos de falta de ar e mudança no padrão da tosse. A recomendação vale também para os fumantes passivos e para todos que apresentarem tosse persistente há mais de 14 dias. O rastreio do câncer de pulmão também é fundamental para fumantes e ex-fumantes e por esse grupo, a partir dos 55 anos, com a realização de tomografia de baixa radiação do tórax.

Se o diagnóstico for confirmado, é preciso manter a calma e saber que houve avanços importantes no tratamento da doença. “A ciência evoluiu muito e hoje há opções personalizadas, imunoterapia, drogas-alvo. Na década de 1990, se falava em sobrevida, de seis meses. Hoje, essa expectativa mudou e já se vê pacientes com metástase com sobrevida de anos”, diz Bruna Carvalho, oncologista do Hospital Marcos Moraes.

Tanto Bruna quanto Carlos Gil recomendam recorrer a tratamentos para parar de fumar, oferecidos tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quanto por unidades particulares, como a Oncoclínicas. Apelar para cigarros eletrônicos não é uma boa estratégia. “Embora tenham menos produtos de queima, os cigarros eletrônicos ainda são uma incógnita. Não há dados suficientes ainda para que possamos dizer se eles provocam câncer de pulmão, mas é possível afirmar que eles são uma porta de entrada para o tabagismo tradicional. Por isso, são um perigo”, diz Carlos Gil.

Câncer de Bexiga: Os fumantes têm chances pelo menos três vezes mais altas de desenvolver tumores na bexiga do que os não-fumantes, segundo Lessandro Curcio, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia do Rio de Janeiro. “O tabagismo está associado à doença em 65% dos casos”, afirma Curcio. Homens acima de 65 anos são os mais propensos a desenvolver este tipo de tumor, cujo principal sintoma é a presença de sangue na urina. Se diagnosticado em estágio inicial, o tratamento pode curar o paciente. Se o câncer de bexiga estiver mais avançado, pode precisar de quimioterapia venosa ou mesmo a retirada do órgão.

Doenças cardiovasculares — O tabagismo também é um vilão quando o assunto são as doenças cardiovasculares. O cigarro agride a parede de células que recobre os vasos sanguíneos, fazendo com que as artérias fiquem mais vulneráveis ao acúmulo de gordura. Há também uma interferência no mecanismo de contração e relaxamento, o que leva a uma maior dificuldade de circulação do sangue. A cada tragada, ocorre um endurecimento das artérias do fumante. Isso faz com que o coração trabalhe mais. Somados, estes problemas podem levar ao infarto e AVC. Também estão na lista de doenças causadas ou agravadas pelo tabagismo a diabetes, câncer de garganta e de mamas.

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